
Por: Mike Faria
A presença de mulheres em cargos de liderança é uma prática essencial para relações sustentáveis dentro das empresas e para a construção de uma sociedade mais equitativa. Promover essa liderança faz parte de um compromisso com diversidade, equidade, inclusão e pertencimento (DEI&P) e gera impactos positivos tanto para as organizações quanto para a sociedade.
Segundo pesquisa global da consultoria Grant Thornton, que entrevistou cerca de 5 mil pessoas executivas seniores, as mulheres ocupam 33,5% dos cargos de liderança mundialmente, um aumento de 1,1% em relação a 2023.
No Brasil, esse número chega a 39,1%, conforme levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) baseado em dados do IBGE de 2023. Apesar do crescimento, a evolução tem sido lenta — um avanço de menos de quatro pontos percentuais em relação a 2013, quando a taxa era de 35,7%..
Além do aumento da presença de mulheres em posições de poder, é fundamental garantir que essa representatividade seja plural e interseccional, contemplando a diversidade de raça, origem, classe social, geração, corpos, orientação sexual e identidade de gênero, e pessoas com deficiência.
Equidade de gênero: compromisso coletivo com resultados
Para impulsionar a liderança de mulheres, as empresas precisam adotar medidas concretas e consistentes:
Metas públicas e transparência: Estabelecer metas objetivas e divulgá-las publicamente demonstra o compromisso com a equidade de gênero. Acompanhar e compartilhar os resultados fortalece a transparência e a responsabilidade.
Paridade salarial: Garantir que mulheres e homens recebam salários iguais para as mesmas posições é um direito fundamental e um passo essencial para a equidade de gênero.
Ações afirmativas: Implementar iniciativas para ampliar oportunidades, especialmente para mulheres que enfrentam múltiplas barreiras devido a características interseccionais.
Construção de um ambiente de trabalho inclusivo
Além dessas iniciativas, é muito importante criar um ambiente de trabalho que promova a segurança psicológica e o pertencimento:
Segurança psicológica: Proporcionar um espaço onde todas as pessoas se sintam seguras para expressar opiniões e compartilhar ideias sem medo de represálias.
Pertencimento: Cultivar uma cultura de inclusão, onde as pessoas se sintam valorizadas e reconhecidas.
Desenvolvimento de carreira: Oferecer oportunidades contínuas de crescimento profissional para mulheres, independentemente de sua origem ou identidade.
O papel de homens na equidade de gênero
A equidade de gênero não pode ser uma responsabilidade exclusiva das mulheres. O envolvimento dos homens é fundamental para a construção de um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo:
Aliança ativa: Homens podem atuar como aliados, combatendo o sexismo e o preconceito no ambiente corporativo.
Reflexão sobre estruturas: Compreender e questionar os padrões da masculinidade hegemônica que reforçam a desvalorização das mulheres.
Compartilhamento de responsabilidades: Dividir tarefas dentro e fora do ambiente de trabalho possibilita que as mulheres tenham mais tempo e energia para se dedicar às suas carreiras.
Impacto da liderança de mulheres
A diversidade de gênero na liderança traz múltiplos resultados para as empresas e para a sociedade:
Melhor desempenho financeiro: Empresas com maior diversidade de gênero na liderança tendem a apresentar um melhor desempenho financeiro. Segundo relatório Delivering Through Diversity da McKinsey & Company, companhias que investem na equidade de gênero têm 21% mais chances de superar concorrentes em termos financeiros.
Maior inovação: Diferentes perspectivas e experiências impulsionam a inovação e a criatividade.
Reputação e atração de talentos: Empresas que promovem a equidade de gênero constroem uma reputação mais forte e se tornam mais atrativas para talentos diversos.
Sociedade mais justa: A presença de mulheres na liderança contribui para relações mais equitativas dentro e fora do ambiente corporativo.
Conclusão
Ao promover a liderança de mulheres em toda a sua pluralidade — considerando raça, origem, classe social, geração, corpos, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência —, as empresas não apenas fortalecem seu desempenho, mas também contribuem para um futuro mais inclusivo.
Relacionar equidade de gênero a metas transparentes, paridade salarial, ações afirmativas, segurança psicológica, pertencimento e desenvolvimento de carreira é essencial para construir organizações e sociedades mais justas e sustentáveis.