Por: Laura Salles
Absolutamente tudo que surge das mãos humanas nasceu primeiro em forma de ideia. Estaria esta verdade ameaçada pela chegada de inteligências artificiais que nos dizem o que precisamos, escrevem textos, indicam caminhos, nos ensinam idiomas e tudo com características bastante humanas?
Pode ser que esta geração que está no mercado de trabalho experimente as mudanças que pareciam impossíveis na minha infância, enquanto via o desenho da família Jetson como referência de modernidade e futurismo, mas de uma coisa temos certeza, a inteligência artificial irá ajudar, mas não substituir os humanos, principalmente quando pensamos nas pautas ESG e na inclusão de diversidade de pensamentos e pessoas nos cargos de liderança.
Sabemos que o cenário do debate sobre diversidade já foi muito pior, mas o longo caminho para a inclusão real de pessoas com deficiência, mulheres, mulheres negras, comunidade LGBTQIAP+, povos originários e outros grupos minorizados sem representatividade na tomada de decisão das empresas passa sim pelo uso das tecnologias que estamos criando e avançando na popularização do seu uso.
Segundo o IBGE, 56% de pessoas se autodeclaram negras e pardas no Brasil, em uma soma de mais de 118 milhões de indivíduos e um dado parcial do Censo 2022, é que, 1,4 milhão de pessoas se declaram indígenas, esses dados significam? Significam e muito, já que pela primeira vez na história do país, existem Ministérios voltados às pautas, mas ainda assim, as organizações não se deram conta do que de fato significa toda essa representatividade.
Diversidade, equidade e inclusão e políticas públicas caminham juntas, as empresas que tiverem ações de ESG bem estruturadas vão sair na frente, o cenário do mercado é outro hoje e a AI está presente para tornar os processos de mudança de cultura gradativo, rápido e significativo.
Um dos exemplos é o uso de tecnologia de inteligência artificial para identificar a presença de diversidade nas empresas, os índices hierárquicos que estão sendo ocupados e se realmente está sendo levada a sério a máxima de inclusão, ou seja, se as pessoas estão fazendo parte da decisão das empresas. Para além do clichê dos carros voadores, nossa capacidade de imaginar precisa estar a serviço de resolver nossas relações e melhorar a convivência com nosso planeta.
Tudo isso pode e já é monitorado fora do Brasil pelas chamadas Diversitytechs, startups especializadas em criar soluções para verificar a presença da diversidade no meio empresarial. Mas quando nosso mercado irá acordar para esta realidade e trabalhar de forma efetiva o uso de ferramentas digitais com alto índice de performance que demonstrem em tempo real a necessidade de trazer para a festa a maior parte da população brasileira, que fica excluída das decisões.
Já é possível em tempo real ter resultado demográfico dos colaboradores, índice de maturidade, estabelecer gráficos de metas e acompanhar todo o processo de análise de diversidade, equidade e inclusão.
São vários os estudos que mostram as vantagens de times mais diversos, e o dado da McKinsey & Company, fala que empresas com diversidade étnica e racial possuem 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do seu setor. O Brasil, que tem como identidade do povo a diversidade, não pode demorar ainda mais para entender que nossa força está na nossa mistura de povos, costumes e percepções. Ainda hoje, 94,2% dos cargos executivos pertencem a brancos, segundo dados do Instituto Ethos, e isso só demonstra que a nossa capacidade de conseguir diversificar é grande e precisa ser levada a sério pelas empresas.
Se algumas das funcionalidades da imaginação infantil da família Jetson já estão disponíveis para todos, como as aulas on-line é hora agora de apostar no futuro que queremos para os próximos anos e ele, com toda certeza, passa por políticas de inserção e manutenção da diversidade dentro das empresas.