ESG
Sustentabilidade além do discurso: o que separa ação real de greenwashing
Mais do que uma pauta ambiental, a sustentabilidade exige práticas consistentes que conectem estratégia, inovação e relações humanas no dia a dia das organizações.

Por: Mike Faria
"Sustentabilidade" ecoa em corredores corporativos, salas de reunião e manchetes de jornais. Frequentemente associada apenas ao meio ambiente, sua real abrangência e impacto sobre o presente e futuro das organizações e da sociedade permanecem, para muitas pessoas, de forma simplificada.
Na PlurieBR, acreditamos que sustentabilidade é uma jornada feita de etapas, escolhas e práticas contínuas. Desmistificá-la é o primeiro passo. É preciso compreendê-la em sua totalidade e reconhecer seu papel central na construção de estratégias coerentes, conectadas com os desafios e as possibilidades do agora.
Sustentabilidade: abordagem integral
A definição clássica de sustentabilidade vem a partir da conceituação de desenvolvimento sustentável, cunhada no Relatório Brundtland de 1987 - publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), criada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ele estabelece que é "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades". Essa premissa traz uma abordagem profunda para o termo e avança em pilares que muitas vezes, até hoje, são pouco compreendidos.
A sustentabilidade, em sua essência, é um tripé conectado em três pontas: ambiental, social e econômica.
Sustentabilidade Ambiental: Esta é a camada mais conhecida, que aborda aspectos como a gestão responsável dos recursos naturais, a redução da pegada de carbono, a conservação da biodiversidade e a minimização da poluição. É sobre proteger os ecossistemas dos quais nos nutrimos.
Sustentabilidade Social: Foca no pertencimento, segurança psicológica, nos direitos humanos, no bem-estar das comunidades e na inclusão. Isso significa garantir condições de trabalho justas, promover diversidade e inclusão, investir no desenvolvimento local e respeitar as culturas com equidade.
E aqui se encontra um ponto crucial para a PlurieBR: a sustentabilidade social está ligada à valorização de todas as pessoas, considerando suas características e contextos plurais. Para nós, uma sociedade verdadeiramente sustentável é aquela que oferece oportunidades e dignidade com base em evidências concretas, como o mapeamento de dados.
Sustentabilidade Econômica: Refere-se à capacidade de uma empresa ou sistema econômico de gerar valor de forma consistente e duradoura, sem esgotar seus próprios recursos ou os da sociedade. Isso envolve modelos de negócio resilientes, inovação, governança transparente e ética, e a criação de valor compartilhado para todos os públicos de relacionamento.
Quando falamos em sustentabilidade, estamos falando sobre uma visão holística que integra esses três pilares, reconhecendo que a prosperidade a longo prazo depende do equilíbrio e convivência entre eles.
Sustentabilidade nas empresas: por que chamamos de ESG?
Quando falamos de sustentabilidade no universo corporativo, é muito comum nos referirmos a ela como ESG. Mas o que essa sigla significa e por que a usamos? ESG é a abreviação para Ambiental, Social e Governança (Environmental, Social, and Governance, em inglês). Essa terminologia foi criada para organizar as diversas dimensões da sustentabilidade no contexto empresarial.
Em vez de ser apenas um conceito abstrato, ESG oferece uma estrutura prática para que as organizações, independentemente do seu porte, possam medir, gerenciar e comunicar seu desempenho e impacto em áreas que vão além do lucro financeiro. Ele engloba desde a responsabilidade ambiental, como a redução de emissões e o uso consciente de recursos, até o compromisso social, que inclui a valorização de todas as pessoas colaboradoras, a diversidade e a relação com a comunidade. A governança, por sua vez, assegura que a empresa seja administrada de forma ética e transparente.
O compromisso empresarial: da responsabilidade social à estratégia de negócios
Por muito tempo, a sustentabilidade foi vista como um departamento à parte, uma iniciativa de "responsabilidade social corporativa" (RSC) descolada dos negócios. Essa percepção tem mudado. Hoje, a sustentabilidade é um tema estratégico com impacto direto na inovação, na competitividade e no relacionamento com diferentes públicos.
Ainda assim, essa transição ainda não é homogênea. Muitas organizações adotam discursos sustentáveis sem ações concretas, o que se convencionou chamar de greenwashing. O termo se refere à prática de parecer sustentável apenas na comunicação, sem implementar mudanças reais nos processos, produtos ou impactos sociais e ambientais. Em um cenário de maior exigência por parte de pessoas investidoras, consumidoras e órgãos reguladores, o risco reputacional do greenwashing é alto e compromete a confiança na marca.
Esse movimento de transição, ainda que desigual, é impulsionado por tendências globais que reforçam a urgência e a relevância da sustentabilidade como pilar estratégico:
Investimentos e capital verde: Fundos de investimento focados em ESG (Environmental, Social, and Governance) - ASG em português para Ambiental, Social e Governança - estão em ascensão. Segundo a Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), o investimento sustentável global atingiu patamares recordes, com pessoas investidoras cada vez mais exigindo demonstrações transparentes de impacto. Empresas com credenciais ESG robustas tendem a ter menor custo de capital e mais resliência em crises.
Pessoas consumidoras conscientes: Pesquisas como a da consultoria ESG Insights revelam que 95% das pessoas consumidoras brasileiras demonstram preferência por marcas que investem em sustentabilidade. Isso se traduz em lealdade à marca e disposição a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis.
Regulamentação crescente: Governos ao redor do mundo estão implementando regulamentações mais rigorosas relacionadas a emissões, resíduos, direitos trabalhistas e transparência. A conformidade não é apenas uma questão legal, mas uma oportunidade de inovar e liderar com responsabilidade.
Atração e retenção de talentos: A Geração Z e Millennials, que hoje compõem a maior parte das pessoas que trabalham, buscam empregadoras com propósito. Empresas comprometidas com a sustentabilidade e a diversidade são mais atraentes para esses talentos, o que impacta diretamente a produtividade e cultura organizacional.
Sustentabilidade, portanto, não é um diferencial opcional, é uma necessidade para a sobrevivência e o crescimento dos negócios. Empresas que ignoram a agenda ESG correm o risco de perder competitividade, sofrer sanções regulatórias e afastar investidores(as).
COP30 em Belém: um holofote global e o impulso para o Brasil
Novembro de 2025 marcará um momento histórico para o Brasil e para a agenda global de sustentabilidade: a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) será sediada em Belém, no coração da região amazônica. Este evento é uma reunião de líderes globais e também uma lupa sobre as urgências climáticas e as oportunidades de desenvolvimento sustentável em nosso país.
A COP30 representa um espaço para o Brasil mostrar ao mundo seu potencial em bioeconomia, energias renováveis, entre outras soluções. Para as empresas brasileiras, é um chamado à ação constante:
Posicionamento estratégico: Empresas que já tiverem avançado em suas agendas ESG estarão em uma posição de destaque para dialogar com investidores(as) internacionais, parceiros e governos.
Inovação e novas oportunidades: A COP30 tem potencial de trazer um impulso para investimentos em tecnologias verdes e modelos de negócio sustentáveis.
Legado e impacto: A Conferência em Belém será também sobre o futuro da Amazônia e das comunidades locais. Empresas que atuam na região ou que possuem cadeias de valor conectadas a ela terão a oportunidade de demonstrar compromisso e impacto positivo.
No entanto, é crucial que essa vitrine não se traduza em greenwashing ou ações superficiais. O evento deve ser um ponto de partida ou impulso para um compromisso ainda mais profundo e duradouro.
Para além da COP30: sustentabilidade começa agora!
A COP30 será um marco importante, mas não é preciso esperar grandes eventos para agir. Sustentabilidade não é uma pauta pontual, é um processo contínuo que exige disposição, compromisso, consistência e ação no dia a dia. Para as empresas, isso se traduz em:
Diagnóstico e estratégia
Mapeamento: Avalie seu impacto ambiental (emissões de carbono, consumo de água e energia, geração de resíduos) e desenvolva o social (condições de trabalho, diversidade e inclusão, impacto na comunidade).
Defina metas transparentes e mensuráveis: Estabeleça indicadores para sustentabilidade, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e acompanhe constantemente o processo.
Integre a sustentabilidade à sua estratégia de negócios: Deve ser parte da empresa, não um anexo ou responsabilidade de uma área específica.
Inovação e otimização de processos
Busque eficiência energética e hídrica: Implemente tecnologias e processos que reduzam o consumo.
Adote a economia circular: Repense seus produtos e embalagens para minimizar resíduos e maximizar a reutilização e reciclagem.
Invista em energias renováveis: Explore a transição para fontes de energia limpa.
Cadeia de valor e fornecedores
Engaje sua cadeia de suprimentos: Trabalhe com fornecedores que compartilham seus valores de sustentabilidade e exija compromisso com práticas éticas e ambientalmente responsáveis.
Acompanhe e registre: Garanta que os padrões de sustentabilidade sejam cumpridos em toda a cadeia.
Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento (DEIP): o pilar social da sustentabilidade:
Estabeleça políticas de DEIP: Busque a inclusão de pessoas de diferentes perfis, com desenvolvimento de carreira e planos práticos de reconhecimento.
Promova uma cultura inclusiva: Treinamento, programas de mentoria, grupos de afinidade e um ambiente seguro onde todas as pessoas se sintam valorizadas.
Garanta equidade salarial e de oportunidades: Elimine vieses nos processos de recrutamento, seleção e promoção.
Transparência
Comunique seus avanços: Publique relatórios de sustentabilidade transparentes e verificáveis.
Engaje diferentes públicos de relacionamento: Dialogue com pessoas funcionárias, clientes, investidoras, comunidades e órgãos reguladores sobre sua jornada de sustentabilidade.
Sua empresa pronta para liderar a mudança
A sustentabilidade representa o desafio e a oportunidade do nosso tempo. Ela nos convoca a agir com consistência, todos os dias, impulsionando inovação, resiliência e e a criação de valor a longo prazo.
Na PlurieBR, acreditamos que empresas que integram a sustentabilidade em sua totalidade, considerando os pilares ambiental, social e econômico, com atenção real à diversidade e inclusão, se preparam melhor para os desafios do presente e do futuro. São essas organizações que lideram a construção de práticas que geram resultados consistentes: equipes mais engajadas, pessoas consumidoras mais fiéis, maior atração de investimento e performance financeira sustentável.
Não é preciso esperar pela COP30 para começar. Cada escolha feita hoje pode impulsionar transformações reais nos negócios, na sociedade e no planeta.
Seja um(a) agente de mudança e faça da sua organização uma parte ativa dessa transformação, com intenção, consistência e impacto duradouro.
Quer transformar suas intenções em práticas sustentáveis, baseadas em dados reais?
Fale com a gente. A PlurieBR pode caminhar ao seu lado nessa jornada.